Busca Insensata

Buscando a si mesmo fora de si o ser se perde, se aliena, se escraviza... Retira de si mesmo o poder por sua jornada, se descontrola, enlouque. Diante da imensidão da vida, somos ainda menores que um grão de areia na praia ou no fundo do oceano... Somos poeiras cósmicas, incapazes de compreender nossa real dimensão no Universo. Porque enlouquecer desvelando a Vida, quando ainda há tanto do próprio ser a ser desvelado?

quarta-feira, março 9

O contador de histórias



Estava sem sono e resolvi assistir alguma coisa. Queria assistir algo para desligar a cabeça, mas não achei a série que eu estava com vontade de ver. Comecei a fuçar a lista de filmes que o C. tinha baixado e vi lá "O contador de histórias". Não tinha certeza sobre o que tratava, mas tinha uma séria desconfiança. Confirmada: a versão cinematográfica da vida de Roberto Carlos Ramos. Eu conheço todos os fatos que cercam a institucionalização da infância e juventude no Brasil, mas mesmo assim chorei ao me deparar com tamanha violência: contra a mãe que não vê alternativa para seu filho a não ser entregá-lo ao Estado; contra a criança que se vê privada do amor de sua família por que "casa, comida, cama e comida" é tudo o que alguém pode querer; contra os profissionais que são obrigados a trabalhar nessa dura realidade sem o mínimo de preparo e de apoio; contra sociedade que vê seu futuro sendo destruído e não tem a força e a coragem necessárias para mudar esse cenário...

Chorei também ao presenciar a força tranformadora da crença na potencialidade humana, do amor sincero e do profundo respeito à condição humana. Renova minha fé em um futuro melhor, embora eu tenha ficado triste em saber que, ainda, muitas crianças são violadas em sua humanidade e deixam de acreditar em si mesmas por que o mundo já não acredita nelas há muito tempo...

É um jeito melancólico de terminar essa postagem, mas é assim que eu me sinto nesse momento. Mas ainda assim o filme é uma história de esperança, de força, de coragem, de resiliência... Vale a pena dedicar um tempo para apreciá-lo.