Busca Insensata

Buscando a si mesmo fora de si o ser se perde, se aliena, se escraviza... Retira de si mesmo o poder por sua jornada, se descontrola, enlouque. Diante da imensidão da vida, somos ainda menores que um grão de areia na praia ou no fundo do oceano... Somos poeiras cósmicas, incapazes de compreender nossa real dimensão no Universo. Porque enlouquecer desvelando a Vida, quando ainda há tanto do próprio ser a ser desvelado?

quinta-feira, janeiro 20

O Vale e o Rio


Após a chegada das crianças m nossa casa e em nossas vidas, passei a experimentar um turbilhão de emoções, das mais variadas formas. Me sentia tragada por um furacão, levada por uma força que eu não podia controlar. Essa nova situação me fez perceber o quanto eu estava (e ainda estou) desorientada em minha própria vida.
Antes de as crianças chegarem, durante uma viagem a São Paulo fui conversando com uma grande amiga sobre a Vida, o Universo, nossas existências... Ela me contou que certa vez começou sua iniciação no Budismo e nessa conversa percebi que muito do que eu já pensava sobre a Vida coincidia muito com as filosofias orientais. Corta. Eu não lembro mais como foi e quando foi, exatamente, mas me deparei com uns vídeos (eu acho) sobre o Taoísmo. Me interessei muito pelas coisas que ouvia nesse material e passe a aprofundar um pouquinho sobre o assunto e nessa busca encontrei alguns princípios que vem me ajudando.
Um dos princípios é a afirmação de que a Vida é, ao mesmo tempo, simples e complexa.
É simples por que segue o rumo dado pelo Universo, pela Natureza, com seus ciclos de mudança e renovação. Segundo o Taoísmo, Ela poderia ser comparada a um grande rio, que é fluido e tem seu caminho direcionado pelo leito, em direção ao Mar. Os eventos que compõem cada vida particular são movimentos da própria Vida que, encadeados harmonicamente, formam um Grande rio, que corre pelo Vale da Natureza em direção ao Absoluto (Tao). De acordo com os princípios taoístas, um dos primeiros passos para a Iluminação é aceitar a nossa pequenez diante do Universo e da Vida e aceitar as oportunidades e também os desafios "oferecidos" por estas "entidades".
A complexidade da Vida pode ser percebida pela conexão entre os diversos elementos e eventos que a compõem. Estamos todos conectados e nossas ações e escolhas tem repercussões na existência dos outros seres. Algumas dessas conexões estão ao nosso alcance e temos algum grau de controle, mas a grande maioria dos pontos dessa rede não está em nossas mãos. Essa perspectiva da vida nos apresenta um aparente paradoxo: aumenta nossa responsabilidade, mas diminui nosso poder de controle. Dá um medo... No entanto é um medo passageiro, como a desorientação diante de uma luminosidade após muito tempo no escuro; como cair em um poço sem fundo. (Eu ainda estou com medo, só para esclarecer).
Nesse ponto dos meus devaneios voltamos novamente para o primeiro passo da Iluminação: aceitar a Vida em seus próprios movimentos... (Lembrei da Música "Epitáfio" interpretada por Roberto Carlos e posteriormente pelos Titãs). É difícil conquistar esse grau de aceitação (eu estou muito longe disso, embora eu estja buscando).

É necessário muita sabedoria e serenidade. Por alguma razão (não tão desconhecida) me lembrei da Oração da Serenidade.