Busca Insensata

Buscando a si mesmo fora de si o ser se perde, se aliena, se escraviza... Retira de si mesmo o poder por sua jornada, se descontrola, enlouque. Diante da imensidão da vida, somos ainda menores que um grão de areia na praia ou no fundo do oceano... Somos poeiras cósmicas, incapazes de compreender nossa real dimensão no Universo. Porque enlouquecer desvelando a Vida, quando ainda há tanto do próprio ser a ser desvelado?

quarta-feira, janeiro 19

Todas as pessoas grandes foram crianças um dia. Mas poucas se lembram disso (Saint Exupèry)



"O Pequeno Príncipe", de Saint Exupéry, é uma história que me fascina e emociona a cada leitura. Toda vez eu aprendo algo muito, muito, muuuuuuiiiito importante. A última foi quando a li para meus filhos, antes de dormirem. Desta vez aprendi que quase todos nós lembramos apenas o lado bom da infância, mas pouquíssimos de nós lembramos também dos medos e das angústias de ser tão pequeno em um mundo dominado por pessoas grandes.
Ser mãe tão de repente me colocou diante de muitos e imensos desafios, mas o principal foi compreender os sentimentos de meus filhos. Tem muita coisa que ainda não entendo e muitas que eu acho que nunca vou entender. No entanto, pude perceber com essa experiência e com o Pequeno Príncipe, que nunca compreenderemos as crianças sem nos aproximar e conquistar sua confiança: "A gente só conhece bem as coisas que cativou". As melhores experiências com meus filhos foram quando me aproximei, brinquei, beijei e abracei. Foram quando, entre um abraço e um beijo, olhei nos seus olhos e disse-lhes o quanto os amo e quanto iluminam minha vida.
Por outro lado, os piores momentos foram aqueles em que me colei no pedestal da "maturidade" e me esqueci de como é ser criança, impondo, com ordens e sem explicação alguma, regras e rotinas. (Em outras oportunidades espero escrever sobre como as regras e rotinas também são importantes.)
Foram nesses momentos, após ter passado a minha fúria diante de manhas, birras e teimações, que eu me senti mais culpada ao perceber o quanto fui responsável pela tensão e ressentimentos. Foram (e são) esses mesmos momentos, ainda que estejam rareando e tornando-se menos intensos, aqueles em que percebi o quanto estou perdida e deslocada, cambaleando na corda bamba da Vida.
Eles são mais luz na minha vida e EU SEI (Vida, como eu sei!) que boa parte do próprio caminho que seguirão depende de como nossa relação será construída e do respeito que eu conseguir imprimir nesse jogo interacional, aqui e agora. É pelo bem dos meus filhos que preciso me encontrar e aprender a viver com mais serenidade e sabedoria...