Busca Insensata

Buscando a si mesmo fora de si o ser se perde, se aliena, se escraviza... Retira de si mesmo o poder por sua jornada, se descontrola, enlouque. Diante da imensidão da vida, somos ainda menores que um grão de areia na praia ou no fundo do oceano... Somos poeiras cósmicas, incapazes de compreender nossa real dimensão no Universo. Porque enlouquecer desvelando a Vida, quando ainda há tanto do próprio ser a ser desvelado?

quinta-feira, fevereiro 2

Desafio: 35 dias de leitura --> Dia 02 - Um livro que você leu mais do que uma vez

Para a escolha dessa livro, tive uma ajuda especial de alguém que me conhece imensamente: uma das luzes de minha vida - C. Eu já li alguns livros umas duas ou três vezes, mas não conseguia escolher. Quando ele disse: "O Pequeno Príncipe", não tive dúvidas: tinha de ser esse. Tem várias mensagens maravilhosas! Não sei nem por onde começar... Mas vamos tentar...

Bem, acho que começarei pela visita ao planeta onde tem apenas um rei e nenhum súdito. Durante a conversa entre os dois, o rei, convenientemente, é claro, espera o momento certo para ordenar o sol se por e assim ter certeza que será obedecido. Diante do aparente absurdo e do questionamento do pequeno príncipe, o rei explica que só podemos exigir das pessoas aquilo que elas são capazes de oferecer. Essa lição tem me orientado e me dado mais paciência para lidar com meus filhos e com as pessoas em geral. Também é o meu argumento para o tamanho grau de exigência com as pessoas que oriento, na sala de aula, nos estágios ou na pesquisa. Não adianta nos estressarmos em pedir ou esperar das pessoas aquilo que elas não tem. O resultado será apenas frustração e raiva. No entanto, se acreditamos no potencial daqueles que nos acompanham, sabemos o que podemos esperar. Na maioria das vezes é melhor não criar expectativas, mas quando o desenvolvimento de outros estão sob nossa responsabilidade (como no caso de crianças e estudantes) não podemos nos abster de apoiar e exigir, dentro das possibilidades de cada um.

Uma outra lição que eu tirei desse livro maravilhoso, talvez até mais importante, é a responsabilidade pelo vínculo que criamos com as pessoas que nos importa. "Tu és eternamente responsável por aquilo que cativas" (p. 74). Isso significa que precisamos cuidar de quem se importa com a gente e de quem a gente se importa. Os vínculos criados não nascem espontaneamente, levam algum tempo, exigem paciência e uma certa disciplina (outra lição encontrada nos dias que o nosso herói passa com a raposa). As pessoas se envolvem e passam a viver com a nossa presença. Os planos, por mais simples que possam ser, passam a nos incluir. Devemos ter cuidado, pois pessoas não são brinquedos que podemos usar da forma que nos convém. Elas tem sentimentos e pensamentos próprios e podem sair muito feridas de algumas dessas brincadeiras.

Essa lição nos leva a mais uma: o essencial é invisível aos olhos. Só é possível enxergar com o coração. Será que eu preciso explicar? 

Tenho certeza que quando eu ler este novamente, certamente terei outras lições. Por isso, eu nunca me canso de ler novamente.